Editado: acrescentei um poeminha da @anamello que também tinha achado bem interessante, mas que tinha esquecido de colocar no ar.
Poemas de Richardson Ventura (@rventura) - professor de Português e Literatura em Belo Horizonte.
verso e vida
verso e vida
se misturaram todos
numa dada avenida
e se acharam tolos
rua e rima
ao perceberem no rosto
a forma, o cheiro, o gosto
da mesma argila.
ausência
a presença tua na roupa suja
o resquício, a lacuna
de que aqui passaste.
mas que fazer se lá fora chama a luta
a ferida arde?
te perco sem alarde
na certeza de que amor é ida
vida é combate.
Poema de Evandro Constâncio - Jornalista, escritor e poeta. Vive nos Estados Unidos desde 1998. Foi repórter e editor no jornal Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG), repórter do jornal O Tempo (Betin, MG), colaborador de "O Globo", "Folha de São Paulo" e "Veja".
Partido de Mim
Tive vergonha de ter chorado,
vergonha de ter torcido, e comemorado.
Tive vergonha de ter sorrido.
A esperança venceu o medo,
mas continuou o seu caminho, de esperança.
Gerações começaram,
gerações acabaram,
e sempre houve a esperança.
Mas até quando?
Até quando ela vai poder persistir?
Até quando vamos chorar,
quando nos prometeram sorrir?
Até quando?
Vamos ter uma refeição,
ao invés de três; ou nenhuma?
Até quando?
Vamos ser enganados,
torturados,
matados a faca, de bala perdida, executados,
sequestrados ou torturados?
Até quando?
Vamos morrer de fome ou pendurados,
no prego da salvação na mercearia da esquina?
A esperança venceu o medo,
Mas continua o seu caminho, de esperança.
Poema de Márcia Luz - Confiram o blog da autora.
As mensagens que lhe escrevo
Hoje, à falta de papel,
escrevo mensagens no celular.
Na hora de lhe enviar, deleto-as.
Você lerá apenas a minha ausência
e imaginará:
“Esqueceu-se ela de mim?”
Poema de Ana Mello
POETRIX: Lobisomem
noite escura, infortúnio,
as nuvens encobrem
o plenilúnio
as nuvens encobrem
o plenilúnio
6 Comentários:
Muito legal os três poemas. Díficil escolher o melhor entre eles, pq quando o assunto envolve a exteriorização de algo subjetivo e que faz parte do mundo interno de determinado criador através de uma forma de arte, não há como mensurar o melhor, o que rola de fazer, é escolher aquele que há mais identificação de acordo como o nosso momento atual. Digo isto, pq na verdade curti os três poemas + me tocou mesmo o da Márcia Luz. Achei muito legal o paralelo falta de papel/msg no celular.
Bem legais os poemas e muito boa a iniciativa!
Ass.José Maurício
Bacana, léo! fiquei feliz de ter participado e ganhado o livro. Continue incentivando e divulgando a poesia, precisamos disso. um abraço
R. Ventura
em tempo: o livro do Drummond que escolho é Farewell, que ainda não tenho!
Oi, Leo. Seu blog está cada vez melhor, pena que não tenho conseguido ler com mais frequencia. Gostei muito dos poemas, quando você fizer um de contos eu vou falar para um amigo meu, que está escrevendo o terceiro livro e escreve contos muito bem.
Ah, e gostei de ter ganhado o livro também, hehehehe... :)
Beijos...
Oi, Léo
Achei que você nem ia colocar o meu poema aqui. Fiquei muito feliz!
Que divino o primeiro poema do Richardson! Uma ponte tão fluida entre a abstração da poesia e a concretude do cotidiano!
A iniciativa da Semana da Poesia realmente valeu muito e imagino como foi difícil pra você selecionar os poemas, pois a gente tem tendência a gostar de tudo.
Um grande abraço.
Gostei bastante do poema da Márcia Luz.
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