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O garoto fitou o mensageiro em silêncio, estava muito ansioso, queria saber mais sobre aquele povo estranho e a sua ligação com os dragões.
- Estas armas que você carrega... foram feitas por eles, ou melhor, por ele, Lianor Vikti.
- O quê? Ele? Logo ele?
- Yumrum. – a criatura murmurou, enquanto exibia os dentes. – Eu mexmo.
- Por essa eu não esperava. – comentou James, ainda muito surpreso. – Mas o que isso tem de ruim?
Lanir deixou escapar um leve suspiro e se colocou de pé; era nítido que não gostava de falar sobre o assunto.
- As armas não foram feitas para serem dadas a Thomas Brickmond. Eles queriam entregá-las a Robert. Eles acreditavam que ele poderia se voltar contra a Cidade de Mármore quando percebesse o poderio das armas, queriam que os homens acabassem com todos os dragões após a guerra. Por sorte, Sir Thomas atravessou o Grande Rio primeiro e o presente foi entregue ao general errado.
James fitou Lanir em silêncio por algum tempo.
- Mas isso é terrível! Quem seria capaz de traçar esse tipo de plano?
O mensageiro apontou, através de um leve gesto com a cabeça, para o local onde Lianor Vikti estava sentado.
- Eles...
A criatura, então, deu um salto para o chão, parecendo um pouco indignada; o sorriso sumira do rosto.
- Non fale beksteirass. Por que achar que eu extou aqui, isolado?
Lanir não respondeu, apenas fitou Lianor Vikti um pouco intrigado.
- É, foi o que penksei. Por que achar que Robert chegou atraxado? Por que montanhias eles teve de paksar?
O mensageiro franziu a testa e deu um lento passo a frente enquanto fitava a criatura com ainda mais interesse.
- Quer dizer que...
- Irgh ri, menxsageiro! Fui eu! Eu fixz com que Tumas Briocomond recebesse as armas!
- Então você...
- Irgh ri, sim, sim. Eu os salvei, todox voccês, homens, dragões, menxsageiros e todo rexsto.
Lanir baixou a cabeça por um momento, ainda pensativo. Aquilo que acabara de lhe ser revelado era, de fato, algo muito interessante; era muito bom saber que um ser poderoso como Lianor Vikti estava realmente ao seu lado. Já James olhava para a criatura admirado. Como as aparências o tinham enganado. Ele nunca imaginaria que aquele ser pequenino e, aparentemente, tão cheio de defeitos pudesse ser alguém tão corajoso e tão sábio, um líder capaz de enfrentar até mesmo o seu próprio povo para lutar por aquilo que acha certo.
- Eu também roubei a exfera deless. – susurrou a criatura.
- O quê? – retrucou o mensageiro, agora demonstrando uma certa excitação. – Não acredito...
- Sim, sim. – Lhirianorviktiziz é muito experto, muito, muito experto. Não esstá num lugar muito fáccil de buscar, mas eu poder buscar em uns meses.
- Você realmente acha que pode fazer isso? – perguntou Lanir, mal podendo se conter; James nunca o vira agir daquela maneira. – Você sabe que isso poderia ser crucial para a guerra que está se anunciando.
A criatura apenas fez um sinal de positivo com a cabeça.
- Que esfera é essa? – perguntou James, já sem conseguir suprimir sua curiosidade.
- É a Pedra do Conhecimento, - respondeu o mensageiro, prontamente. – um artefato muito antigo, uma relíquia dos dragões. Desde os tempos mais remotos, todo o dragão que nascia era educado através da pedra; recebia dela os bons ideais e o conhecimento necessário para serem sábios e bondosos.
- Uau! Ela deve ser realmente muito poderosa então.
- Sim. E, sem ela, a sociedade dos dragões começou a definhar. Depois que O Povo das Fadas a roubou da Cidade de Mármore, algumas centenas de anos atrás, começaram a surgir os primeiros dragões cruéis, aqueles corrompidos pelo mundo, aqueles que não possuíam iluminação o suficiente para saber que a vida deve ser respeitada, que cada raça merece ter seu espaço e sua chance de sobreviver.
- Parece que o Povo das Fadas realmente é um grande inimigo. – o garoto comentou.
Lanir novamente fechou a expressão, aquele era definitivamente um assunto que o irritava.
- Sim. Foram eles os responsáveis por nossa decadência, pela guerra e por tanta morte.
- Náá. Não concordo, não com tudo. – interrompeu Lianor Vikti. – Com pedra ou sem pedra, cada serrr terrr sua excolha. Max eu te entendo.
O mensageiro não respondeu, apenas se sentou e se manteve calado, pensando em tudo o que a criatura havia lhe revelado.
- Acho melhor dormirem. Amanhã levo voccês até a Torre Grande da montanhia. Depoisss vou atrax da pedra pra te dar. Eu confio em voccê. – disse Lianor Vikti enquanto fitava Lanir, que apenas lhe retribuiu o olhar, com uma espécie de admiração pelo Rei do Povo das Fadas que ele jamais imaginou que poderia sentir.
7 Comentários:
Adorei a escrita, me lembrou j. K. Rowling.
A fala entre os personagens tem vida e sentimento, se é que dá para me entender. Essa foi uma das melhores partes da história.
Legal, cara. Espero que as falas continuem agradando nos capítulos seguintes. Trabalhar os diálogos bem não é uma coisa muito fácil não.
muito boa esta parte da história, excelente história, cada vez mais anseio novos capítulos.
ps- está me ajudando na questão estrutural, estou escrevendo um livro que mistura fantasia medieval e ficção científica espacial, vc acha esses dois temas numa mesma história muito exagerado?
Não acho, se for bem feito e com uma história legal, pode ser até muito interessante. Não tenho como dar muita opinião por não saber exatamente o projeto.
Se quiser, fale um pouco dele, aí posso dar minha opinião sobre =D
Leo, faz tanto tempo que li esse trecho... Passei para recapitular. ;)
Muito bom!
A sequencia dos capítulos tem sido uma das coisas de que mais gostei até aqui. Outra é a evolução das coisas na minha cabeça; enquanto leio cada capítulo tenho certos pensamentos, mas ai logo no outro capítulo as coisas se completam de modo que os personagens agora estão mais vivos, a curiosidade a respeito deles só aumenta em minha leitura.
Cara, fico muito feliz com seus comentário. Eu tento justamente isso, recortar a história e os capítulos de modo intrigante. E tento ir apresentando as facetas dos personagens aos poucos mesmo. Um dos principais ainda está para entrar, né.
Valeu mesmo pelo feedback.
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