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Ele olhava para as águas, maravilhado.
Ahhh, as águas azuis... tão belas. De uma cor transparente, amiga do sol. Um
espetáculo de cores, de vida e de cheiros. Aquele sabor de mar que entrava por
seus olhos, que penetrava lentamente as cavidades nasais, e logo lhe passava
aquele gosto inconfundível de maresia.
O mar, as aventuras, as imagens
de sua infância. Da vida feliz que vivera ali, naquelas praias, naquela
península. Lembrava-se das famosas caças de siri, criaturas belas e
assustadoras para um menino que ainda aprendia a crescer no mar. E se lembrava
das outras crianças, dos amigos, das aventuras.
Podia reviver ali com clareza o
passado, ver-se saltando entre as pedras, crescendo ao ar livre, debaixo do
Deus Sol, aquele magnífico astro luminoso que despejava a vida por todas
aquelas terras. Podia se ver criança, jovem ou adulto. Pescando, nadando...
vivendo. Podia se ver com seus primeiros amigos, com seus primeiros amores, e,
depois, com todos os outros; numa vida sadia e feliz, permeada pelo mar. Ahhh,
o bom e velho mar.
E ficava ali, revivendo o passado,
revirando a memória, como se tivesse o dom dos viajantes do tempo. Ali se
perdia, total e completamente, entregue ao prazer da eterna lembrança.
E, assim, ficava, fitando o mar.
Pois, aos poucos...
Aos poucos, já não havia mais
tempo a passar.
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