Sei que Carlos Drummond de Andrade é conhecido como poeta, talvez o maior poeta da língua brasileira. Sei que, por isso, esperar-se-ia que fossem postadas no blog mais poesias do autor do que contos. A questão é que eu, particularmente, gosto muito dos contos dele. Um dos meus favoritos escritores comtemporâneos, Gonçalo M. Tavares, inclusive, produz algo muito parecido com os textos presentes no livro "Contos Plausíveis" do Drummond em sua coleção "O Bairro".
Conforme eu postar uns contos por aqui, vocês perceberão que "Contos Plausíveis" traz várias histórias bem pequenas (150 no total, se não me engano - todas publicadas na antiga coluna do autor no Jornal do Brasil), mas sempre muito irônicas e com muita informação. A um leitor mais descuidado, podem parecer meio sem pé nem cabeça, mas na realidade trazem muitas reflexões. Eu gosto muito, como já disse, por apreciar a própria escrita do Drummond e também a sua capacidade única de colocar um pouco de ironia e bom humor em quase todas as suas produções. Enfim, leiam o texto e desfrutem. "Contos Plausíveis" vale muito à pena; se puderem, comprem.
A OPINIÃO EM PALÁCIO
O Rei fartou-se de reinar sozinho e decidiu partilhar o poder com a Opinião Pública.
― Chamem a Opinião Pública ― ordenou aos serviçais.
Eles percorreram as praças da cidade e não a encontraram. Havia muito que a Opinião Pública deixara de freqüentar lugares públicos. Recolhera-se ao Beco sem Saída, onde, furtivamente, abria só um olho, isso mesmo lá de vez em quando. Descoberta, afinal, depois de muitas buscas, ela consentiu em comparecer ao Palácio Real, onde Sua Majestade, acariciando-lhe docemente o queixo, lhe disse:
― Preciso de ti.
A Opinião, muda como entrara, muda se conservou. Perdera o uso da palavra ou preferia não exercitá-lo. O Rei insistia, oferecendo-lhe sequilhos e perguntando o que ela pensava disso e daquilo, se acreditava em discos voadores, horóscopos, correção monetária, essas coisas. E outras. A Opinião Pública abanava a cabeça: não tinha opinião.
― Vou te obrigar a ter opinião ― disse o Rei, zangado. ― Meus especialistas te dirão o que deves pensar e manifestar. Não posso mais reinar sem o teu concurso. Instruída devidamente sobre todas as matérias, e tendo assimilado o que é preciso achar sobre cada uma em particular e sobre a problemática geral, tu me serás indispensável.
E virando-se para os serviçais:
― Levem esta senhora para o Curso Intensivo de Conceitos Oficiais. E que ela só volte aqui depois de decorar bem as apostilas.
Conforme eu postar uns contos por aqui, vocês perceberão que "Contos Plausíveis" traz várias histórias bem pequenas (150 no total, se não me engano - todas publicadas na antiga coluna do autor no Jornal do Brasil), mas sempre muito irônicas e com muita informação. A um leitor mais descuidado, podem parecer meio sem pé nem cabeça, mas na realidade trazem muitas reflexões. Eu gosto muito, como já disse, por apreciar a própria escrita do Drummond e também a sua capacidade única de colocar um pouco de ironia e bom humor em quase todas as suas produções. Enfim, leiam o texto e desfrutem. "Contos Plausíveis" vale muito à pena; se puderem, comprem.
A OPINIÃO EM PALÁCIO
O Rei fartou-se de reinar sozinho e decidiu partilhar o poder com a Opinião Pública.
― Chamem a Opinião Pública ― ordenou aos serviçais.
Eles percorreram as praças da cidade e não a encontraram. Havia muito que a Opinião Pública deixara de freqüentar lugares públicos. Recolhera-se ao Beco sem Saída, onde, furtivamente, abria só um olho, isso mesmo lá de vez em quando. Descoberta, afinal, depois de muitas buscas, ela consentiu em comparecer ao Palácio Real, onde Sua Majestade, acariciando-lhe docemente o queixo, lhe disse:
― Preciso de ti.
A Opinião, muda como entrara, muda se conservou. Perdera o uso da palavra ou preferia não exercitá-lo. O Rei insistia, oferecendo-lhe sequilhos e perguntando o que ela pensava disso e daquilo, se acreditava em discos voadores, horóscopos, correção monetária, essas coisas. E outras. A Opinião Pública abanava a cabeça: não tinha opinião.
― Vou te obrigar a ter opinião ― disse o Rei, zangado. ― Meus especialistas te dirão o que deves pensar e manifestar. Não posso mais reinar sem o teu concurso. Instruída devidamente sobre todas as matérias, e tendo assimilado o que é preciso achar sobre cada uma em particular e sobre a problemática geral, tu me serás indispensável.
E virando-se para os serviçais:
― Levem esta senhora para o Curso Intensivo de Conceitos Oficiais. E que ela só volte aqui depois de decorar bem as apostilas.
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10 Comentários:
Drummond é mto bom mesmo. Não conhecia este conto. Gostei dos comentários tbm.
Muito bom,adorei! Vou roubar ok?!!!!
Gostei muito, eu particularmente gosto desse genero textual, pois traz ao leitor uma linguagem bem ironica e informative a qual não cansa a leitura.
:D
eu não entendi. alguém pode interpretá-lo pra mim?
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
É inprecionante como drummond é um genio literario, pois ele escreve esse conto com uma magia, uma fantasia incrivel,enfim, ELE É O CARA,CARAIII
ele é muito inteligente adoro suas historias
Carlos Drummond de Andrade sabe interpretar muito bem msm Parabéns (pra quem fika rindo toma tbm kk)
ele é um cara muito inteligente e poético
ele é o cara
maravilhoso eseconto amei de verdade
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