O CORPO
Naquela manhã, bem em frente da padaria, apareceu um corpo. Era uma mulher (alguns disseram que era uma menina) de boas roupas e absolutamente desconhecida a todos os frequentadores do estabelecimento.
“Uma drogada!”- gritou um senhor.
“Você chama todo mundo de drogado” - e era verdade.Aquele senhor já acusara a filha da senhora que replicava de drogada. Assim como o os filhos e netos de quase todos que estavam por ali.
O padeiro estava preocupado. Se abrisse os portões, teria lucro (já juntava uma multidão em volta do corpo) mas seus clientes teriam de pular o corpo para entrar, e isso poderia ser considerado ofensivo. Se fechasse a porta, seus clientes podiam perceber o inevitável: o pão três quadras acima tinha o mesmo preço e menos bromato. Podia perder clientes de qualquer maneira.
Um jovem chegou e olhou com cuidado. Parecia uma colega do colégio, mas um telefonema já contrariou a teoria. Um repórter passou e tirou foto para o jornal. A polícia simplesmente não aparecia. Até que alguns curiosos, já enfadados da falta de respostas sobre o corpo da menina, resolveram que poderiam tirar fotos eles mesmos. Um homem, desses já feitos mas sem cabelos brancos, pediu para um amigo bater umas fotos: abraçou o corpo, fez pose e brincou.
E veio a revolta.“pode ser filha de alguém!”,“podia ser sua irmã!”. E veio o linchamento. Da revolta, não se sabe muito bem quem, levantou-se o corpo, e a multidão poliforme seguiu a carregar a jovem em direção ao hospital, que sem espaço em seu necrotério negou armazenar a menina. A multidão seguiu em frente, e no rabo da revolta saíram médicos, enfermeiros, auxiliares e funcionários do hospital, em greve e carregando seus doentes até a autoridade mais próxima.
O rapaz linchado por conta da brincadeira chegou ao hospital com dificuldade. E este estava vazio.
“Uma drogada!”- gritou um senhor.
“Você chama todo mundo de drogado” - e era verdade.Aquele senhor já acusara a filha da senhora que replicava de drogada. Assim como o os filhos e netos de quase todos que estavam por ali.
O padeiro estava preocupado. Se abrisse os portões, teria lucro (já juntava uma multidão em volta do corpo) mas seus clientes teriam de pular o corpo para entrar, e isso poderia ser considerado ofensivo. Se fechasse a porta, seus clientes podiam perceber o inevitável: o pão três quadras acima tinha o mesmo preço e menos bromato. Podia perder clientes de qualquer maneira.
Um jovem chegou e olhou com cuidado. Parecia uma colega do colégio, mas um telefonema já contrariou a teoria. Um repórter passou e tirou foto para o jornal. A polícia simplesmente não aparecia. Até que alguns curiosos, já enfadados da falta de respostas sobre o corpo da menina, resolveram que poderiam tirar fotos eles mesmos. Um homem, desses já feitos mas sem cabelos brancos, pediu para um amigo bater umas fotos: abraçou o corpo, fez pose e brincou.
E veio a revolta.“pode ser filha de alguém!”,“podia ser sua irmã!”. E veio o linchamento. Da revolta, não se sabe muito bem quem, levantou-se o corpo, e a multidão poliforme seguiu a carregar a jovem em direção ao hospital, que sem espaço em seu necrotério negou armazenar a menina. A multidão seguiu em frente, e no rabo da revolta saíram médicos, enfermeiros, auxiliares e funcionários do hospital, em greve e carregando seus doentes até a autoridade mais próxima.
O rapaz linchado por conta da brincadeira chegou ao hospital com dificuldade. E este estava vazio.
6 Comentários:
Nossa que conto sombrio e engraçado ao mesmo tempo,muito bom.
Gostei do final, surpreendente!
Legal que gostaram! Não esqueçam também de participar da promoção!! =)
Tá lá um corpo estendido no chão, malandro ao lado de trabalhador...
Parabéns ao conto de Fernando Torres! E você Leo, que iniciativa positiva de publicar material de outro autores aqui no seu Blog, que por sinal de super de bom gosto. Pena que dom para escrever contos, poemas eu não tenho. Somente mesmo, texto sobre atualidades ou biográficos de personalidades que admiro. Sempre vou entrar aqui agora e vou por em favoritos. :)
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Ôrra!
E vai dizer que, barbaridades assim não podem acontecer? Vai dizer!
Mt bom.
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