Para quem acompanha meus textos e opiniões, a escolha por este livro não deve ser assim tão surpreendente. Primeiro por ele trazer elementos fantásticos, misturar as fronteiras entre ficção e realidade, um tipo de literatura que realmente me agrada. E segundo por ter sido o principal inspirador da história na qual tenho trabalhado (O Código dos Cavaleiros). Hoje, porém, entrarei em mais detalhes e procurarei mostrar a razão pela qual considero O Cavaleiro Inexistente um "livro de cabeceira".
A história já começa com algo completamente fora do normal. Quando uma série de cavaleiros começa a se apresentar, eis que um difere de todos os outros: Agilulfo, o cavaleiro inexistente. É um diálogo cômico, logo de início, em que passamos a conhecer um cavaleiro que não passa de sua armadura: uma armadura sem corpo. É desta situação surreal que parte a história de Ítalo Calvino.
Interessante que, com o decorrer da obra, o autor nos mostra Agilulfo como oposto aos cavaleiros de sua época. Ele era honrado, limpo, organizado e incorporava todos os atributos de um homem de cavalaria ideal; o herói das fábulas. Nisso, já se faz uma crítica a uma certa sociedade de aparência, a uma mistificação que envolvia o ideal dos cavaleiros, algo que, por uma série de analogias e metáforas, também poderia ser levado à época em que Calvino escreveu o livro, crítica esta ainda muito atual.
A obra, porém, ainda traz muitas outras reflexões. Agilulfo não passa de um invólucro movido pela vontade de ser um cavaleiro, pela crença naquilo que ele é: isso o torna real. Como muitos homens daquela época - e como muitas pessoas hoje - ele se definia pelos seus objetivos, e não necessariamente por aquilo que poderia ser sua essência. A crítica do autor vem da seguinte forma, metaforicamente pensando: Agilulfo era um cavaleiro por fora (tinha o título, seria imortalizado), mas exatamente por colocar os seus objetivos, aquilo que ele fazia e realizava, acima daquilo que ele era, passou a se tornar unicamente o seu objetivo, a sua própria existência se esvaziou e, então, deixou de existir.
Enfim, é um livro escrito de uma maneira próxima até das fábulas, a própria descrição da versão de bolso, por exemplo, classifica-o como um "conto de cavalaria às avessas". Creio ser uma obra extremamente irônica, bem escrita, claro, e de um elevadíssimo valor não só literário como conceitual. Não é uma obra grande e há versões por preços acessíveis. Por isso, fica aqui a dica, espero que apreciem!
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8 Comentários:
Agradeço a dica pois estou com este livro na pilha " por ler" olhando para mim neste momento. :-)
Abraço!
Hahaha. Legal, coincidência boa! E realmente, é um livro que me marcou, tanto que me inspirou em minha própria história =)
Abraço!
Oi Leo,
Quero agradecer pela citação e principalmente por eu ter sido útil. O seu blog é algo que nos engrandece intelectual e filosoficamente. Na verdade, eu aprendo muito com este espaço que é o "Na Ponta dos Lápis".
Sobre o Cavaleiro Inexistente, nem conhecia, mas já quero ler. Parece ser muito bom e bem estruturado, livros assim são pérolas para quem como eu tem muito a aprender. Obrigado por tudo.
Leonardo, tudo bem?
Acredita que eu só vi a sua mensagem no meu blog AGORA? É que eu o abandonei, infelizmente... mas vou ressuscitá-lo. Escrevo também na Revista Capitu, como disse a vc no twitter.
Um abraço! Estou lendo o seu blog post a post, gostei bastante.
Boa dica, Leo. Ainda não li nada do Ítalo Calvino - e confesso que não conheço muito de sua obra - mas com certeza esse vai pra fila de espera. O blog está muito bom, parabéns! um abraço
É um livro do qual gosto muito, espero que gostem tanto quanto eu, hehe. E Letícia. Uau! Só viu o comentário agora? Deve fazer mais de 6 meses que comentei, algo do gênero, hahaha.
Mas tudo bem! Eu vi que você tava escrevendo lá na Revista Capitu quando me informou via twitter. Fui dar uma olhadinha.
Enfim, valeu pela participação ai pessoal! E Luiz, legal que gostou do poema "Pontos de Parada" também. Aproveito e comento por aqui pra não precisar comentar por lá também =)
Abraço.
nossa adorei a dica, ler é muito bom eu adoro!
Vou deixar uma dica minha tmb, acabei de ler o livro A ordem é Amém de John Chelh, e eu adorei vale a pena conferi eu o encontrei no site www.seteseveneditora.com.br!
O livro te prende do inicio ao fim com sua história incrivel de um falso pastor, que tem um final surpreendente...nota 10!
Esse livro é maravilhoso!!
Eu lí durante uma viagem e dei risadas...me apaixonei,um dos meus favoritos.
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